segunda-feira, 19 de maio de 2008
"Aquele Inverno", Delfins
Há sempre um piano
um piano selvagem
que nos gela o coração
e nos traz a imagem
daquele Inverno
Há sempre a lembrança
de um olhar a sangrar
de um soldado perdido
em terras do Ultramar
por obrigação
naquela missas
Combater na selva
sem saber porque
e sentir o inferno
de matar alguém
e quem regressou
guarda a sensação
que lutou
numa guerra
sem razão
Há sempre a palavra
a palavra Nação
que os chefes trazem e usam
para esconder a razão
da sua vontade
daquela verdade
E para eles aquele Inverno
será sempre o mesmo inferno
que ninguém poderá esquecer
ter que matar ou morrer
ao sabor do vento
naquele tormento
Perguntei ao céu
será sempre assim
poderá o Inverno
nunca ter um fim
não sei responder
só talvez lembrar
o que alguém
que voltou, veio contar
recordar
Hoje e sempre a guerra colonial...
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Guerra colonial
sábado, 17 de maio de 2008
"Porque Mentias?" - "Essas Mulheres", Rede Record, 2005
Gabriel Braga Nunes... Simplesmente SOBERBO...
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Romantismo
"Asas" - GNR
Asas servem para voar
para sonhar ou para planar
Visitar espreitar espiar
Mil casas do ar
As asas não se vão cortar
Asas são para combater
Num lugar infinito
para respirar o ar
As asas são
para proteger te pintar
Não te esquecer
Visitar espreitar-te
bem alto do ar
Só quando quiseres pousar
da paixão que te roer
É um amor que vês nascer
sem prazo, idade de acabar
Não há leis para te prender
aconteça o que acontecer.
terça-feira, 13 de maio de 2008
"Morning (aka Spring)", Maxfield Parrish, 1922

Promessa
És tu a Primavera que eu esperava,
A vida multiplicada e brilhante,
Em que é pleno e perfeito cada instante.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Melhor em tão poucas palavras é virtualmente impossível...
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Sophia de Mello Breyner Andresen
sábado, 10 de maio de 2008
"Praia das Maçãs", José Malhoa, 1918
segunda-feira, 21 de maio de 2007
"Galateia das Esferas", Salvador Dalí

Aurora Boreal
Tenho quarenta janelas
nas paredes do meu quarto.
Sem vidros nem bambinelas
posso ver através delas
o mundo em que me reparto.
Por uma entra a luz do Sol,
por outra a luz do luar,
por outra a luz das estrelas
que andam no céu a rolar.
Por esta entra a Via Láctea
como um vapor de algodão,
por aquela a luz dos homens,
pela outra a escuridão.
Pela maior entra o espanto,
pela menor a certeza,
pela da frente a beleza
que inunda de canto a canto.
Pela quadrada entra a esperança
de quatro lados iguais,
quatro arestas, quatro vértices,
quatro pontos cardeais.
Pela redonda entra o sonho,
que as vigias são redondas,
e o sonho afaga e embala
à semelhança das ondas.
Por além entra a tristeza,
por aquela entra a saudade,
e o desejo, e a humildade,
e o silêncio, e a surpresa,
e o amor dos homens, e o tédio,
e o medo, e a melancolia,
e essa fome sem remédio
a que se chama poesia,
e a inocência, e a bondade,
e a dor própria, e a dor alheia,
e a paixão que se incendeia,
e a viuvez, e a piedade,
e o grande pássaro branco,
e o grande pássaro negro
que se olham obliquamente,
arrepiados de medo,
todos os risos e choros,
todas as fomes e sedes,
tudo alonga a sua sombra
nas minhas quatro paredes.
Oh janelas do meu quarto,
quem vos pudesse rasgar!
Com tanta janela aberta
falta-me a luz e o ar.
António Gedeão,"Obra Poética"
Tenho quarenta janelas
nas paredes do meu quarto.
Sem vidros nem bambinelas
posso ver através delas
o mundo em que me reparto.
Por uma entra a luz do Sol,
por outra a luz do luar,
por outra a luz das estrelas
que andam no céu a rolar.
Por esta entra a Via Láctea
como um vapor de algodão,
por aquela a luz dos homens,
pela outra a escuridão.
Pela maior entra o espanto,
pela menor a certeza,
pela da frente a beleza
que inunda de canto a canto.
Pela quadrada entra a esperança
de quatro lados iguais,
quatro arestas, quatro vértices,
quatro pontos cardeais.
Pela redonda entra o sonho,
que as vigias são redondas,
e o sonho afaga e embala
à semelhança das ondas.
Por além entra a tristeza,
por aquela entra a saudade,
e o desejo, e a humildade,
e o silêncio, e a surpresa,
e o amor dos homens, e o tédio,
e o medo, e a melancolia,
e essa fome sem remédio
a que se chama poesia,
e a inocência, e a bondade,
e a dor própria, e a dor alheia,
e a paixão que se incendeia,
e a viuvez, e a piedade,
e o grande pássaro branco,
e o grande pássaro negro
que se olham obliquamente,
arrepiados de medo,
todos os risos e choros,
todas as fomes e sedes,
tudo alonga a sua sombra
nas minhas quatro paredes.
Oh janelas do meu quarto,
quem vos pudesse rasgar!
Com tanta janela aberta
falta-me a luz e o ar.
António Gedeão,"Obra Poética"
BELEZA EM ESTADO PURO...
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"Dama com Arminho", Leonardo da Vinci (1483-1490)

Mais palavras para quê?...
Não posso adiar o amor
Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas.
Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio.
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação.
Não posso adiar o coração.
António Ramos Rosa, "Antologia Poética"
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